Origem:
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Sérgio Vieira de Mello
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Nascimento
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15 de
março de 1948
Rio de
Janeiro, Brasil
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Morte
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19 de
agosto de 2003 (55 anos)
Bagdá, Iraque
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Nacionalidade
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Brasileiro
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Ocupação
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Escritório do Alto Comissário das Nações Unidas
para os Direitos Humanos
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Sérgio Vieira de Mello (Rio
de Janeiro, 15
de março de 1948 — Bagdá, 19
de agosto de 2003)
foi um brasileiro funcionário
da Organização
das Nações Unidas (ONU)
por 34 anos e Alto
Comissário das Nações Unidas para os Direitos
Humanos desde
2002. Morreu em Bagdá, juntamente com outras 21
pessoas, vítima de atentado atribuído(não
comprovado) à Al
Qaeda contra
a sede local da ONU.
Filho
dos brasileiros Gilda dos Santos e Arnaldo
Vieira de Mello, diplomata brasileiro
posteriormente aposentado compulsoriamente pelo regime
militar, Sérgio Vieira de Mello acompanhou o seu
pai em várias missões pelo mundo. Depois de
cursar o colegial no Colégio
Franco-Brasileiro do Rio
de Janeiro, estudou na Universidade
de Paris (Sorbonne)
onde obteve a sua licenciatura e
o mestrado para o ensino em filosofia,
em 1969 e 1970, respectivamente. Durante os
quatro anos que se seguiram, Vieira de Mello
prosseguiu seus estudos de filosofia na Universidade
de Paris I ,
(Panthéon-Sorbonne), ao fim dos quais
obteve um doutoramento do
terceiro ciclo e, em 1985, o doutorado de estado
em letras e ciências
humanas, com a tese Civitas
Maxima.
Tornou-se funcionário da ONU em 1969 - mesmo ano
em que seu pai, então embaixador, foi aposentado
compulsoriamente dos quadros do Ministério das
Relações Exteriores brasileiro. Passou a maior
parte de sua vida trabalhando no Alto
Comissariado das Nações Unidas para os
Refugiados(UNHCR, ou ACNUR, em português),
servindo em missões humanitárias e de manutenção
da paz: em Bangladesh, durante sua
independência, em 1971; no Sudão e
em Chipre,
após a invasão turca de
1974. Por três anos foi responsável pelas
operações do UNHCR em Moçambique,
durante a guerra
civil que
se seguiu à independência do país, em 1975, e
depois, no Peru.
Em
1981 foi nomeado conselheiro político sênior das
forças da ONU no Líbano. Em 1982 decepcionou-se
com os ataques sistemáticos do Hezbollah a
partir de território libanês a Israel, o que
acabou por iniciar a Guerra do Líbano, com
Israel invadindo território daquele país visando
desarmar o grupo terrorista financiado pelo Irã
e apoiado pela Síria. Depois disso, desempenhou
diversas funções importantes, no UNHCR, de 1983
a 1991. Foi chefe do Departamento Regional para Ásia e Oceania e
diretor da Divisão de Relações Externas.
Entre
1991 e 1996 foi enviado especial do Alto
Comissário ao Camboja,
como diretor do repatriamento da Autoridade da
ONU de Transição no Camboja (U.N. Transitional
Authority in Cambodia, UNTAC), tendo sido o
primeiro e único representante da ONU a manter
conversações com o Khmer
Vermelho. Foi diretor da United
Nations
Protection Force (UNPROFOR),
a primeira força de paz na Croácia e
na Bósnia
e Herzegovina, durante as guerras da Iugoslávia.
Foi também coordenador humanitário da ONU na
região dos Grandes
Lagos Africanos.
Para
muitos, o brasileiro era a personificação do que
a ONU poderia e deveria ser: com uma disposição
fora do comum para ir ao campo de ação,
corajoso, carismático, flexível, pragmático e
muito eficiente na negociação com governos
corruptos e ditadores sanguinários, em busca da
paz.
O
secretário-geral da ONU, Kofi
Annan, afirmava que Vieira de Mello era "a
pessoa certa para resolver qualquer problema".
Foi o primeiro brasileiro a atingir o alto
escalão da ONU. Como negociador da ONU atuou em
alguns dos principais conflitos mundiais - Bangladesh, Camboja, Líbano, Bósnia
e Herzegovina, Kosovo, Ruanda e Timor-Leste,
entre 1999 e 2002, quando se mostraria
inflexível nas denúncias dos crimes indonésios.
E por fim, no Iraque,
onde foi morto durante o ataque suicida ao Hotel
Canal, com a explosão provocada por um caminhão-bomba.
O Hotel Canal era usado como sede da ONU em
Bagdá há mais de uma década.
Além
dos 22 mortos, cerca de 150 pessoas ficaram
feridas no ataque - o mais violento realizado
contra uma missão civil da ONU até então.
Atribuído pelos Estados Unidos à rede Al Qaeda,
o ataque provocou a retirada dos funcionários
estrangeiros da organização do território
iraquiano.
Segundo o ministro
de Relações Exteriores do Brasil, Celso
Amorim, momentos depois da explosão, Vieira
de Mello telefonou para a ONU de seu celular,
falando sobre a situação. Ele permaneceu preso
sob os escombros durante mais de três horas.[2] Entretanto,
segundo
Samantha Power, que entrevistou mais de 400
pessoas (diversas das quais presentes no local
da explosão) para escrever o livro "O homem que
queria salvar o mundo", Vieira de Mello
comunicou-se apenas com a equipe de resgate e
com Carolina
Larriera, sua companheira, através de um
buraco nos escombros. Ainda segundo Samantha
Power, os contatos telefônicos com a sede da ONU
em Nova Iorque partiram de Ramiro Lopes da
Silva, vice de Vieira de Mello e funcionário
responsável pela segurança. O chefe da
administração civil dos EUA no Iraque, Paul
Bremer, disse que possivelmente Vieira de Mello
teria sido o alvo do atentado. "Tudo
aconteceu debaixo da janela de Sérgio Vieira de
Mello. Eu acho que ele era o alvo", disse
Lone à rede BBC.
Vieira
de Mello era considerado por muitos como o
virtual sucessor de Kofi Annan na
Secretaria-Geral das Nações Unidas.[3] Apesar
de frequentemente confrontar-se com a impotência
da ONU diante de tragédias humanas, sua
biografia prova que ainda existe algo a ser
defendido na organização.[4]
Em
maio de 2003 fora indicado pelo secretário-geral
das Nações Unidas, Kofi
Annan, como seu representante especial,
durante quatro meses noIraque.
Sérgio
Vieira de Mello foi enterrado no cemitério de
Plainpalais (Cimetière des Rois), em Genebra.
Alguns meses após o atentado, a ONU realizou uma
homenagem póstuma, entregando o Prêmio de
Direitos Humanos das Nações Unidas àquele que
foi um dos mais importantes funcionários da
entidade.
Com sua esposa francesa, Annie, de quem
estava separado, Mello teve dois filhos:
Laurent (n. 1978) e e Adrien (1980), ambos
atuando na área científica.
Sérgio
era conhecido pelo seu carisma e obstinação. Mas
a aversão a ostentação de bens materiais também
fez parte da sua história. Ele fazia questão de
mostrar-se igual aos mais humildes. Na Bósnia,
Vieira de Mello recusou colete blindado. Como os
civis não dispunham daquele "luxo", acreditava
que criaria uma barreira com o povo local se
saísse às ruas com a proteção.
Apesar
de dispor de carros de luxo, em Nova Iorque,
Bruxelas, Bagdad e Paris, Mello andava a pé, de
táxi ou de metrô. Mas sempre foi amigo dos
motoristas colocados à sua disposição e era
através deles que obtinha importantes
informações sobre o povo local, principalmente
suas necessidades, seus anseios e a localização
dos bairros mais humildes onde viviam os
refugiados, com quem reunia-se espontaneamente
para ensinar os princípios básicos de moral,
ética e cidadania. Em Bagdad saiu de um bairro
de refugiados no meio da noite e voltou com meia
dúzia de ovos que ele mesmo cozinhou e dividiu
com as crianças e jovens. A um militar americano
que o abordou, disse "não há como falar sobre
moral com quem está de barriga vazia". Abriu mão
de um apartamento de mais de 500 metros
quadrados em Nova Iorque, de frente para o
Central Park por um outo de apenas dois
dormitórios, próximo ao seu local de trabalho.
Dizia que ali sentia-se mais feliz.
Seu brilhantismo,cultura, simpatia e
desapego aos holofotes e bens materiais eram
suas principais características, que somadas
ao seu tipo pessoal atlético, tornaram-no um
ícone entre as principais celebridades
mundiais. Por duas vezes foi eleito o homem
mais desejado e charmoso do mundo pelas
revistas VOGUE e Vanity Affairs, mas não
compareceu para receber os títulos. Em
entrevista ao New York Times, humilde como
sempre, comentou que as revistas haviam se
enganado e disse que se ele tinha algo a
receber, que fosse revertido para donativos
aos refugiados do Iraque.
LEGADO
|
Piazza Sérgio
Vieira de Mello,
Bologna, Itália
|
Vieira de Mello obteve êxito e visibilidade
no cenário internacional por sua atividade
profissional. Até a sua trágica morte,
esteve dedicado a apoiar a reconstrução de
comunidades
afetadas
por guerras e violências extremas. Seu
modelo de atuação, por sua firme defesa dos
princípios da independência e da
imparcialidade, foi o sueco Dag
Hammarskjöld (1905-1961),
ex-Secretário
Geral das Nações Unidas, morto a serviço
da ONU em missão de paz no Congo (1961),
e Prémio
Nobel da Paz (1961).
O caráter humanista da formação de Mello,
associado ao seu talento para a negociação e
a defesa da democracia, mesmo em situações
adversas, foram fatores-chave do sucesso de
muitas de suas iniciativas. Seu exemplar
desempenho em defesa dos direitos e dos
valores humanos inspira a perpetuação de sua
memória e o permanente debate do seu
pensamento.
Com Sérgio Vieira de Mello, chefe da missão
das Nações Unidas, morreram no mesmo
atentado:
-
Nadia Younes, egípcia,
chefe da equipe de Vieira de Mello
-
Renam
Al-Farra, jordaniano,
trabalhava para o gabinete de coordenação
humanitária das Nações Unidas
-
Ranillo
Buenaventura, filipino,
trabalhava para o gabinete de coordenação
humanitária das Nações Unidas
-
Arthur
Helton, advogado de imigração, estadunidense,
e integrante da organização não-governamental Council
on Foreign Relations, sediada em Nova Iorque,
que visitava Vieira de Mello no momento da explosão
-
Rick
Hooper, estadunidense, trabalhava no Departamento de
Assuntos Políticos. Atuou pelas Nações Unidas em Gaza
-
Jean-Sélim Kanaan, de nacionalidade francesa,
italiana e egípcia, funcionário do gabinete de
Vieira de Mello
-
Chris
Klein-Beckman, canadense,
trabalhava como coordenador do Fundo
das Nações Unidas para a Infância (UNICEF)
-
Alya
Souza, iraquiana, trabalhava para o Banco
Mundial
-
Martha
Teas, estadunidense, gerente de projeto para o
centro de
informação
humanitária do Iraque
-
Fiona
Watson, britânica,
funcionária do gabinete de Vieira de Mello, no
programa de petróleo por alimento
-
Omar
Kahtan Mohamed al-Orfali, iraquiano que trabalhava
como motorista para uma organização não
governamental que não foi identificada
-
Raid
Shaker Mustafa al Mahdawi, eletricista iraquiano,
que trabalhava para a unidade de inspeção de armas,
UNMOVIC
-
Leen Assad
al Qadi, funcionário iraquiano do gabinete de
coordenação humanitária
-
Alyawi
Bassem, iraquiano, também conhecido como Mahmoud u
Taiwi Basim
-
Gillian
Clark, 47, de Toronto,
canadense, ajudante do projeto Fundo das Crianças
Cristãs
-
Reza
Hosseini, de Mashhad, norte do Irã,
iraniano, funcionário do gabinete da ONU de
Coordenação Humanitária no Iraque
-
Manuel
Martin Ora, 57, capitão naval espanhol,
que atuava como ligação das forças ocupantes com a
ONU
-
Khidir
Saleem Sahir, iraquiano, identificado apenas como
funcionário da ONU
-
Emaad
Ahmed Salman, funcionário iraquiano, do gabinete de
Vieira de Mello
-
Ihsan Taha
Husein, funcionário iraquiano, do gabinete da ONU.
Dia
Mundial Humanitário
Fundação
Sérgio Vieira de Mello
Dédicada à
promoção do diálogo visando a resolução pacífica de
conflitos, a Fundação
Sergio Vieira de Mello tem
como objetivo prosseguir a missão de Sérgio através
de:
•
Atribuição anual do Prêmio Sergio Vieira de Mello a
pessoas, instituições ou comunidades que, por seu
trabalho excepcional, propiciam a reconciliação do
povos divididos por conflitos.
•
Realização da Conferência Anual em Memória de
Sergio, em parceria com o Institut
des Hautes Etudes Internationales et du
Développement (HEID),
por volta do dia 15 de março, data do aniversário de
Sergio.
• Bolsa
Sergio Vieira de Mello atribuída a jovens cujas
famílias foram vítimas de crise
humanitária decorrente
de conflito armado.
• Apoio a
iniciativas e esforços em favor da reconciliação e
da coexistência pacífica entre pessoas ou
comunidades em conflito.
• Um
manifesto em favor dos trabalhadores humanitários,
qualquer
que seja
seu empregador ou local de atuação.
Livros
-
(em português)
POWER, Samantha - O
Homem que queria salvar o mundo. Uma Biografia de
Sergio Vieira de Mello Editora:
Companhia das Letras, 2008, 688 p. ISBN
978-85-359-1284-5
-
(em português)
Jacques Marcovitch - USP - Sérgio
Vieira de Mello - pensamento e memória. 1 Edição
| 2004 | Brochura 344p. | Cód.: 167075 | ISBN
853140867.
-
(em francês)
Jean-Claude Buhrer et Claude B. Levenson, Sergio
Vieira de Mello, un espoir foudroyé. – Paris :
Mille et une nuits, 2004. – 199 p., 20 cm. – ISBN
2-84205-826-7 .
-
(em francês)
George Gordon-Lennox et Annick Stevenson, Sergio
Vieira
de Mello : un homme exceptionnel. – Genève :
Éditions du Tricorne, 2004. – 143 p., 25 cm. – ISBN
2-8293-0266-4. – En appendice, choix de textes
de Sergio Vieira de Mello.
-
(em inglês)
Samantha Power - "Chasing the Flame: Sergio Vieira
de Mello and the Fight to Save the World",
(Hardcover - Pub. Date: 2/14/2008).
Filmes
-
Nações
Unidas. Tributo
aos mortos da tragédia de Bagdad, 19 de agosto de
2003.
-
En Route to Baghdad, documentário
dirigido pela jornalista brasileira Simone Duarte.
-
Sérgio,
de Greg
Barker fez
sua estreia mundial em janeiro de 2009 no Festival
de Sundance. O documentário alterna momentos da
vida de Sérgio com as imagens no dia do atentado e
as tentativas para salvá-lo. O documentário não cita
nem mostra Annie e seus filhos, que optaram por não
participar.[7]
-
O cineasta
irlandês Terry
George, (roteirista de Em
nome do pai, de 1993, e diretor de Hotel
Ruanda, de 2004), está trabalhando sobre o
projeto de um filme sobre Sérgio Vieira de Mello,
baseado no livro de Samantha Power.
Referências
Ligações
externas
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